sábado, 4 de junho de 2011

Serigrafia


Serigrafia ou silk-screen é um processo de impressão no qual a tinta é vazada – pela pressão de um rodo ou puxador – através de uma tela preparada. A tela (Matriz serigráfica), normalmente de poliéster ou nylon, é esticada em um bastidor (quadro) de madeira, alumínio ou aço. A "gravação" da tela se dá pelo processo de fotosensibilidade, onde a matriz preparada com uma emulsão fotosensível é colocada sobre um fotolito, sendo este conjunto matriz+fotolito colocados por sua vez sobre uma mesa de luz. Os pontos escuros do fotolito correspondem aos locais que ficarão vazados na tela, permitindo a passagem da tinta pela trama do tecido, e os pontos claros (onde a luz passará pelo fotolito atingindo a emulsão) são impermeabilizados pelo endurecimento da emulsão fotosensível que foi exposta a luz.
É utilizada na impressão em variados tipos de materiais (papel, plástico, borracha, madeira, vidro, tecido, etc.), superfícies (cilíndrica, esférica, irregular, clara, escura, opaca, brilhante, etc.), espessuras ou tamanhos, com diversos tipos de tintas ou cores. Pode ser feita de forma mecânica (por pessoas) ou automática (por máquinas).
A serigrafia caracteriza-se como um dos processos da gravura, determinado de gravura planográfica.
A palavra planográfica, pretende enfatizar que não há realização de sulcos e cortes com retirada de matéria da matriz. O processo se dá no plano, ou seja na superfície da tela serigráfica, que é sensibilizada por processos foto-sensibilizantes e químicos. O princípio básico da serigrafia é relacionado freqüentemente ao mesmo princípio do estêncil, uma espécie de máscara que veda áreas onde a tinta não deve atingir o substrato (suporte).
O termo serigrafia (serigraph, em inglês) é creditado a Anthony Velonis, que influenciado por Carl Zigrosser, crítico, editor e nos anos 1940, curador de gravuras do Philadelphia Museum of Art, propôs a palavra serigraph (em inglês), do grego sericos (seda), e graphos (escrever), para modificar os aspectos comerciais associados ao processo, distinguindo o trabalho de criação realizado por um artista dos trabalhos destinadas ao uso comercial, industrial ou puramente reprodutivo.
Velonis também escreveu um livro em 1939, intitulado Silk Screen Technique (New York: Creative Crafts Press, 1939) que foi usado como "how-to" manual de outras divisões de posters. Ele viajou extensivamente orientando os artistas da FAP sobre a técnica da serigrafia.

Aquagravura


Aquagravura é uma técnica de gravura elaborada por Bernard Pras no fim da década de 1980.

[editar]Princípio Técnico

aquagravura é feita sobre uma massa de papel ainda molhada (quase líquida) e a idéia primária é imprimir a folha ainda não acabada em estado de pasta. A placa tradicional é substituída por uma matriz feita de materiais flexíveis tais como: elastômeros e borrachas fabricadas a partir de uma maquete de madeira, de gesso ou de cera. A secagem do papel e da tinta ocorrem ao mesmo tempo e a impressão acontece antes da existência da folha. A matriz intintada é prensada com o papel líquido, o qual ao mesmo tempo é impresso e enxugado do seu excesso de água, formando assim a folha da aquagravura. Todo o processo permite obter relevos superiores aos das técnicas tradicionais de gravura.

Técnicas


A xilogravura é a técnica mais antiga para produzir gravuras, e seus princípios são muito simples. O artista retira de uma superfície plana (matriz, geralmente é madeira) as partes que ele não quer que tenham cor na gravura. Após aplicar tinta na superfície, coloca um papel sobre a mesma. Ao aplicar pressão (com uma prensa) sobre essa folha a imagem é transferida para o papel.
A técnica da gravura em metal começou a ser utilizada na Europa no século XV. As matrizes podem ser feitas a partir de placas de cobre, zinco ou latão. Estas são gravadas com incisão direta ou pelo uso de banhos de ácido. Água-forte, água-tinta, ponta seca são as técnicas mais usuais. A matriz é entintada e utiliza-se uma prensa para transferir a imagem para o papel.
Em 1796 Alois Senefelder descobriu as possibilidades da pedra calcária para fazer impresões e, após dois anos de experimentações desenvolveu a técnica da Litografia. Esta técnica parte do princípio químico que água e gordura se repelem. As imagens são desenhadas com material gorduroso sobre pedra calcária e com a aplicação de ácido sobre a mesma, a imagem é gravada. Assim como a gravura em metal, essa técnica também necessita de uma prensa para transferir para o papel a imagem gravada na pedra.
Embora existam registros de trabalhos utilizando stencil na China, no século VIII, a serigrafia começa a ser aplicada mais freqüentemente por artistas na segunda metade do século XX. Como as técnicas descritas acima, também a serigrafia apresenta diversas técnicas de gravação de imagem. Uma delas é a gravação por processo fotográfico. Imagens são gravadas na tela de poliéster e com a utilização de um rodo com a tinta a imagem é transferida para o papel.

Tipos de gravura


Existem dois tipos comuns de gravura são em superficie ou em relevo.
Em horizonte: o sulco vai receber a tinta e aparece como positivo no trabalho final.
Em relevo a superfície não horizonte é que recebe a tinta e o sulco aparece em negativo (sem tinta).

Pintura figurativa e abstrata


Toda Pintura é formada por um meio líquido, chamado médium ou aglutinante, que tem o poder de fixar os pigmentos (meio sólido e indivisível) sobre um suporte.
A escolha dos materiais e técnica adequadas está diretamente ligada ao resultado desejado para o trabalho e como se pretende que ele seja entendido. Desta forma, a análise de qualquer obra artística passa pela identificação do suporte e da técnica utilizadas.
O suporte mais comum é a tela (normalmente feita com um tecido tensionado sobre um chassis de madeira), embora durante a Idade Média e o Renascimento o afresco tenha tido mais importância. É possível também usar o papel (embora seja muito pouco adequado à maior parte das tintas).
Quanto aos materiais, a escolha é mais demorada e, normalmente, envolve uma preferência pessoal do pintor e sua disponibilidade. O papel é suporte comum para a aquarela e o guache, e eventualmente para a tinta acrílica.
As técnicas mais conhecidas são: a pintura a óleo, a tinta acrílica, o guache, a aquarela, a caseína, a resina alquídica, o afresco, a encáustica e a têmpera de ovo. É também possível lidar com pastéis e crayons, embora estes materiais estejam mais identificados com o desenho.

História


A pintura acompanha o ser humano por toda a sua história. Ainda que durante o período grego clássico não tenha se desenvolvido tanto quanto a escultura, a Pintura foi uma das principais formas de representação dos povos medievais, do Renascimento até o século XX.
Mas é a partir do século XIX com o crescimento da técnica de reprodução de imagens, graças à Revolução Industrial, que a pintura de cavalete perde o espaço que tinha no mercado. Até então a gravura era a única forma de reprodução de imagens, trabalho muitas vezes realizado por pintores. Mas com o surgimento da fotografia, a função principal da pintura de cavalete, a representação de imagens, enfrenta uma competição difícil. Essa é, de certa maneira, a crise da imagem única e o apogeu de reprodução em massa.
No século XX a pintura de cavalete se mantém através da difusão da galeria de arte. Mas a técnica da pintura continua a ser valorizada por vários tipos de designers (ilustradores, estilistas, etc.), especialmente na publicidade. Várias formas de reprodução técnica surgem nesse século, como o vídeo e diversos avanços na produção gráfica. A longo do século XX vários artistas experimentam com a pintura e a fotografia, criando colagens e gravuras, artistas como os dadaístas e os membros do pop art, só para mencionar alguns. Mas é com o advento da computação gráfica que a técnica da pintura se une completamente à fotografia. A imagem digital, por ser composta por pixeis, é um suporte em que se pode misturar as técnicas de pintura, desenho, escultura (3D) e fotografia.
A partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias, os pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram , criando novas formas de representação e expressão visual.

Cor

Na pintura o elemento fundamental é a cor. A relação formal entre as massas coloridas presentes em uma obra constitui sua estrutura fundamental, guiando o olhar do espectador e propondo-lhe sensações de calorfrioprofundidadesombra, entre outros. Estas relações estão implícitas na maior parte das obras da História da Arte e sua explicitação foi uma bandeira dos pintores abstratos. A cor é considerada por muitos como a base da imagem.

Pintura


pintura refere-se genericamente à técnica de aplicar pigmento em forma líquida a uma superfície, a fim de colori-la, atribuindo-lhe matizes, tons e texturas.
Em um sentido mais específico, é a arte de pintar uma superfície, tais como papeltela, ou uma parede (pintura mural ou deafrescos). A pintura a óleo é considerada por muitos como um dos suportes artísticos tradicionais mais importantes; muitas das obras de arte mais importantes do mundo, tais como a Mona Lisa, são pinturas a óleo.
Diferencia-se do desenho pelo uso dos pigmentos líquidos e do uso constante da cor, enquanto aquele apropria-se principalmente de materiais secos.
No entanto, há controvérsias sobre essa definição de pintura. Com a variedade de experiências entre diferentes meios e o uso da tecnologia digital, a idéia de que pintura não precisa se limitar à aplicação do "pigmento em forma líquida". Atualmente o conceito de pintura pode ser ampliado para a representação visual através das cores. Mesmo assim, a definição tradicional de pintura não deve ser ignorada. O concernente à pintura é picturalpictóricopinturesco, ou pitoresco.

sábado, 14 de maio de 2011

Casamento


Apesar de ser rainha, Vitória tinha de continuar a viver com a sua mãe com quem não se dava bem por causa do sistema Kensington e da sua dependência contínua em Conroy, simplesmente pelo facto de ser solteira.[59] A sua mãe vivia em aposentos afastados no Palácio de Buckingham e Vitória recusava-se a vê-la muitas vezes.[60] Quando a rainha se queixou a Melbourne, dizendo-lhe que a proximidade da mãe lhe tinha causado "tormento durante muitos anos", o primeiro-ministro simpatizou com ela, mas disse que tal podia ser evitado com um casamento, algo a que Vitória chamou de "uma alternativa chocante".[61] Estava interessada na educação que Alberto estava a receber para o preparar para o seu futuro papel como seu marido, mas resistiu a apressar o casamento.[62]
Vitória continou a elogiar Alberto após a sua segunda visita a Inglaterra em Outubro de 1839. Alberto e Vitória gostavam um do outro e a rainha pediu-o em casamento no dia 15 de Outubro de 1839, apenas cinco dias depois da sua chegada a Windsor.[63] Casaram-se a 10 de Fevereiro de 1840, na Capela Real do Palácio de St. James, em Londres. Vitória estava completamente apaixonada. Passou a primeira noite de casamento de cama com uma dor de cabeça, mas escreveu no seu diário:
"NUNCA, NUNCA passei uma noite assim!!! O MEU QUERIDO, QUERIDO, QUERIDO Alberto (...) o seu grande amor e afecto fizeram-me sentir num paraíso de amor e felicidade que nunca pensei alguma vez sentir! Segurou-me nos seus braços e beijamo-nos uma e outra e outra vez! A sua beleza, a sua doçura e gentileza - como posso agradecer vezes suficientes ter um marido assim! (...) ser chamada por nomes ternurentos, que nunca me chamaram antes - foi uma bênção inacreditável! Oh! Este foi o dia mais feliz da minha vida!"[64]
Alberto tornou-se um conselheiro político importante, bem como o companheiro da rainha, substituindo Lord Melbourne como a figura dominante e influente na primeira metade da sua vida.[65] A mãe de Vitória foi despejada do palácio e enviada para Ingestre House em Belgrave Square. Após a morte da princesa Augusta em 1840, a mãe de Vitória recebeu as casas de Clarence e Frogmore.[66] Com a ajuda de Alberto, a relação entre mãe e filha começou a melhorar aos poucos.[67]
Durante a primeira gravidez de Vitória em 1840, nos primeiros meses de casamento, Edward Oxford de dezoito anos tentou assassiná-la quando a rainha estava numa carruagem com o príncipe Alberto a caminho da casa da mãe. Oxford disparou duas vezes, mas ambas as balas falharam o alvo. Foi julgado por alta traição e considerado culpado, mas foi depois libertado por se considerar que estava louco.[68] Depois do incidente, a popularidade de Vitória aumentou, fazendo com que a crise do quarto fosse esquecida.[69] A sua primeira filha, que também recebeu o nome Vitória, nasceu no dia 21 de Novembro de 1840. A rainha detestava estar grávida,[70] achava que a amamentação era repugnante,[71] e achava que os recém-nascidos eram feios.[72] Mesmo assim ainda viria a ter mais oito filhos com Alberto.
A casa de Vitória era maioritariamente governada por aquela que tinha sido a sua governanta durante a sua infância, a baronesa Louise Lehzen. Lehzen tinha tido uma grande influência em Vitória,[73] e tinha-a apoiado contra o sistema Kensington.[74] Contudo, Alberto achava que Lehzen era incompetente e que o seu desgoverno ameaçava a saúde da sua filha. Após uma zanga entre Vitória e Alberto por causa deste assunto, Lehzen foi reformada e a sua relação próxima com Vitória acabou.[

continuaçáo


Na altura em que sucedeu ao trono, o governo era liderado por um primeiro-ministro liberal, Lord Melbourne, que se tornou uma influência poderosa para Vitória que não tinha experiência política e contava com ele para pedir conselhos.[44] Charles Greville achava que o viúvo Melbourne, que nunca tinha tido filhos, "gostava muito dela, como gostaria de uma filha se tivesse tido alguma", e é provável que Vitória também o visse como uma figura paternal.[45] A sua coroação aconteceu no dia 28 de Junho de 1838 e Vitória tornou-se na primeira soberana a residir no Palácio de Buckingham.[46] Herdou as propriedades dos ducados de Lancaster e Cornualha e passou a receber 385.000 libras por ano. Sendo prudente a nível financeiro, conseguiu pagar as dívidas do seu pai.[47]
No inicio do seu reinado, Vitória foi popular,[48] mas a sua reputação sofreu um golpe durante uma intriga da corte em 1839 quando a barriga de uma das damas-de-companhia da sua mãe, Lady Flora Hastings, começou a crescer anormalmente, causando rumores de que esta tinha ficado grávida, fora do casamento, de Sir John Conroy.[49] Vitória acreditou nos rumores.[50] Odiava Conroy e desprezava "aquela odiosa Lady Flora"[51], uma vez que esta tinha conspirado com Conroy e a duquesa de Kent no sistema Kensington.[52] A principio, Lady Flora recusou submeter-se a um exame médico nua, mas em meados de Fevereiro finalmente cedeu e descobriu-se que ela ainda era virgem.[53] Conroy, a família Hastings e os conservadores organizaram uma campanha na imprensa afirmando que a rainha tinha ajudado a espalhar rumores falsos sobre Lady Flora.[54]Quando Lady Flora morreu em Julho, a autópsia revelou que ela tinha um grande tumor no fígado e tinha sido essa a causa do crescimento da barriga.[55] Em aparições públicas, Vitória era assobiada e chamada de "Mrs. Melbourne".[56]
Em 1839, Melbourne demitiu-se quando os radicais e os conservadores (Vitória odiava ambos os partidos) votaram contra uma lei que suspendia a constituição da Jamaica. A lei retirava poder político aos donos de plantações que estavam a resistir à abolição da escravatura.[57] A rainha deu ordens a um conservador, Sir Robert Peel, para formar um novo governo. Nesta altura era normal o primeiro-ministro nomear membros da casa real, que eram normalmente os seus aliados políticos e patrocinadores. Muitas das damas-de-quarto da rainha eram esposas de liberais e Peel esperava conseguir substitui-las por esposas de conservadores. Durante aquela que ficou conhecida como a crise do quarto, Vitória, aconselhada por Melbourne, foi contra a sua substituição. Peel recusou-se a governar com as restrições impostas pela rainha e acabou por se demitir, deixado que Melbourne voltasse ao seu antigo cargo. [58]

Primeiros anos de reinado


Vitória fez dezoito anos a 24 de Maio de 1837, evitando-se assim uma regência. No dia 20 de Junho de 1837, Guilherme IV morreu aos setenta e um anos de idade e Vitória tornou-se rainha do Reino Unido. No seu diário escreveu: "Fui acordada às seis da manhã pela mamã que me disse que o Arcebispo da Cantuária e Lord Conyngham estavam aqui e queriam ver-me. Saí da cama e fui até à minha salinha-de-espera (vestida só com a minha camisa de dormir) e sozinha, e vi-os. Lord Conyngham informou-me depois de que o meu pobre tio, o rei, já não existia, e tinha dado o seu último fôlego doze minutos depois das duas da manhã e, consequentemente, sou rainha."[41] Os documentos oficiais do seu primeiro dia de reinado referiram-se a ela como Alexandrina Vitória, mas o primeiro nome foi retirado a pedido da rainha e não voltou a ser usado.[42]
Desde 1714 que o soberano da Grã-Bretanha tinha também partilhado o trono com o reino de Hanôver, na Alemanha, mas como este tinha em vigor uma lei sálica que impedia a sucessão de mulheres ao trono, Vitória não o pôde herdar, passando para o irmão mais novo do seu pai, o seu tio pouco popular, o duque de Cumberland e Teviotdale, que se tornou no rei Ernesto Augusto I de Hanôver. Foi também ele o seu herdeiro presumível até ela se casar e ter um filho. [43]

Herdeira ao trono


Mais tarde na sua vida, Vitória descreveu a sua infância como "bastante melancólica".[15] A sua mãe era muito protectora e, por isso, Vitória foi criada isoladamente, longe de outras crianças da sua idade, e seguindo o chamado "Sistema Kensington", um conjunto de regras e protocolos elaborados desenvolvido pela duquesa e o seu mordomo ambicioso e dominador, Sir John Conroy, que, segundo alguns rumores possivelmente errados, era o amante da duquesa.[16] O sistema impedia-a de se encontrar com pessoas que a sua mãe e Conroy considerassem indesejáveis (um grupo que incluía grande parte da família do seu pai), e estava direccionado no sentido de a tornar fraca e dependente deles.[17] A duquesa evitava a corte pois chocava-se com o facto de ela ser frequentada pelos filhos ilegítimos do rei,[18] e talvez para mostrar a moralidade de Vitória insistindo que a sua filha evitasse qualquer forma de indecência sexual.[19] Vitória partilhava o quarto com a sua mãe, estudava com tutores privados seguindo um horário regular e passava as suas horas de lazer a brincar com as suas bonecas e um king charles spaniel chamado Dash.[20] Aprendeu francês, alemão, italiano e latim [21], mas falava inglês em casa.[22]
Em 1830, a duquesa de Kent e Conroy levaram Vitória até ao centro de Inglaterra para visitar Malvern Hills, parando em aldeias e grandes casas de campo pelo caminho.[23] Em 1832, 1833, 1834 e 1835 foram feitas viagens semelhantes. Para grande irritação do rei Guilherme, Vitória foi recebida com muito entusiasmo em todas as paragens.[24] Guilherme viu estas viagens como ambições reais e temia que as pessoas começassem a ver Vitória como a sua rival em vez de a verem como sua herdeira.[25] Vitória não gostava destas viagens. A ronda constante de aparições públicas deixava-a cansada e doente e tinha pouco tempo para descansar.[26] A princesa opôs-se a estas viagens, argumentando que o rei não gostava delas, mas a sua mãe ignorou as suas queixas por ciumes e forçou a filha a continuar.[27] Enquanto estava em Ramsgate, em Outubro de 1835, Vitória apanhou uma febre grave, mas Conroy ignorou-a, afirmando que as suas queixas não passavam de fingimentos infantis.[28] Enquanto Vitória estava doente, Conroy e a duquesa tentaram fazer com que ela nomeasse Conroy como seu secretário privado, mas a princesa recusou.[29] Enquanto adolescente, Vitória resistiu a muitas tentativas persistentes por parte da sua mãe e Conroy para nomeá-lo para seu funcionário.[30] Quando se tornou rainha, acabou por bani-lo da sua presença, mas Conroy manteve-se na casa da sua mãe.[31]
Em 1836, o irmão da duquesa, Leopoldo, que se tinha tornado rei dos belgas em 1831, começou a fazer planos para casar a sua sobrinha Vitória com o seu sobrinho Alberto de Saxe-Coburgo-Gota.[32] Leopoldo, a mãe de Vitória e o pai de Alberto (o duque Ernesto I de Saxe-Coburgo-Gota) eram irmãos. Leopoldo convenceu a sua irmã a convidar os seus parentes de Coburgo para a visitarem em Maio de 1836, com o objectivo de apresentar Vitória a Alberto.[33] Contudo, Guilherme IV não aprovava nenhum tipo de união de membros da sua família com os Coburgos e preferia que a sua sobrinha se viesse a casar com o príncipe Alexandre dos Países Baixos, segundo filho do príncipe de Orange.[34] Vitória sabia dos vários planos de casamento e dava a sua opinião sobre a parada de príncipes elegíveis que lhe iam sendo apresentados.[35] Segundo o seu diário, Vitória sempre gostou da companhia de Alberto. No fim da visita, escreveu: "[Alberto] é extremamente bonito, o seu cabelo é da mesma cor do meu, os seus olhos são grandes e azuis e tem um lindo nariz e uma boca muito doce com bons dentes. Mas o charme do seu rosto é a sua expressão, que é muito agradável."[36] Por outro lado, achava Alexandre "muito simples".[37]
Vitória escreveu ao seu tio Leopoldo, que sempre considerou o seu "melhor e mais gentil conselheiro",[38] para lhe agradecer pela "perspectiva de grande felicidade para a qual contribuiu na pessoa do querido Alberto (...) ele tem todas as qualidades que seriam desejáveis para me deixar perfeitamente feliz. É tão sensível, tão gentil, e tão bom e amoroso. Além do mais tem o exterior mais agradável e encantador que se pode ter."[39] Contudo, aos dezassete anos, apesar de estar interessada em Alberto, Vitória não estava pronta para se casar. Os dois lados não avançaram com um noivado formal, mas assumiram que a união iria acontecer a seu tempo.[40]

Nascimento e família


O pai de Vitória, o príncipe Eduardo, duque de Kent, casou-se com a mãe dela, a princesa Vitória, no dia 30 de Maio de 1818, no Palácio de Ehrenburg, em Coburgo. Para que não houvessem dúvidas sobre a validade deste casamento, foi realizada uma segunda cerimónia, em Inglaterra, no Palácio de Kew, no dia 11 de Junho do mesmo ano, no mesmo dia em que o irmão mais velho, o príncipe Guilherme, se casou com a princesa Adelaide de Saxe-Meiningen.[9]
O pai da futura rainha já estava bastante endividado antes do casamento, mas depois a sua situação económica começou a agravar-se ainda mais. Como Eduardo discordava das visões políticas do seu irmão, o príncipe-regente, este recusou-se a ajudá-lo e, por isso, os pais de Vitória tiveram de deixar Inglaterra e passaram a viver na Alemanha.[9] Poucas semanas depois, Vitória soube que estava grávida e o duque percebeu imediatamente a importância que tinha o facto de a criança nascer em Inglaterra, por isso, com a ajuda de alguns amigos, conseguiu juntar dinheiro suficiente para a viagem quando a duquesa já estava grávida de sete meses. Chegaram ao seu destino no dia 24 de Abril de 1819 e instalaram-se no Palácio de Kensington.[9] Foi aí que a futura rainha Vitória nasceu, um mês depois, no dia 24 de Maio, às quatro e um quarto da manhã.[10]
Foi baptizada numa cerimónia privada no dia 24 de Julho pelo arcebispo da Cantuária, Charles Manners-Sutton, no salão da cúpula no Palácio de Kensington. Os seus padrinhos foram o czar Alexandre I da Rússia (representado na cerimónia pelo seu tio, o duque de Iorque), o seu tio, opríncipe-regente, a sua tia, a rainha Carlota de Württemberg (representada pela princesa Augusta)e a avó materna de Vitória, a duquesa-viúva de Saxe-Coburgo-Saalfeld (representada pela princesa Maria, duquesa de Gloucester e Edimburgo). Os seus pais quiseram chamá-la Vitória Jorgina Alexandrina Carlota Augusta, mas o irmão mais velho do duque, o príncipe-regente, insistiu que três dos nomes desaparecessem. Então acabou por ser baptizada apenas de Alexandrina Vitória, em honra do czar Alexandre I e da sua mãe.[11]
Vitória estava no quinto lugar de sucessão, a seguir ao seu pai e aos seus três irmãos mais velhos.[12] O príncipe-regente estava separado da sua esposa e a esposa do duque de Iorque, a princesa Frederica Carlota da Prússia, tinha cinquenta e dois anos, por isso não havia muitas hipóteses de os filhos mais velhos do rei terem herdeiros. Ambas as filhas nascidas ao duque de Clarence (em 1819 e 1820) tinham morrido antes dos dois anos de idade. O avô e o pai de Vitória morreram em 1820, com apenas uma semana de diferença e o duque de Iorque morreu em 1827. Após a morte do rei Jorge IV em 1830, Vitória tornou-se herdeira presumível do seu tio Guilherme IV do Reino Unido. O Acto de Regência de 1830 incluía uma clausula especial que tornava a duquesa de Kent, mãe de Vitória, regente caso Guilherme morresse antes de a princesa atingir a maioridade.[13] O rei Guilherme desconfiava da capacidade da duquesa em ser regente e, em 1836, declarou na sua presença que queria viver até ao 18.º aniversário de Vitória para que fosse evitada uma regência.[14]