sexta-feira, 15 de abril de 2011

Espelho, espelho meu

Outro dia estava revendo um antigo álbum com Ana Clara, minha filha de um ano e três meses. Estávamos olhando fotos que minha esposa tirou ao lado do ator Fábio Assunção. Ela identificou imediatamente sua mãe nas fotos. Porém, quando apontei para o ator e disse que era eu, Ana Clara me lançou um olhar de dúvida e reprovação. Apesar de eu não me parecer com o ator (embora não seja de se jogar fora!), fiquei me questionando sobre nossa capacidade de avaliar a beleza humana e sobre a importância que esse processo tem para nossa evolução. Será que as mulheres possuem uma preferência inata similar por certos homens ou isso é aprendido durante a vida?
Embora algumas pesquisas apontem que rostos com traços medianos tendem a ser considerados mais belos, um estudo de 1994 concluiu que traços exagerados, como os lábios grossos da atriz Angelina Jolie, podem contribuir para que um indivíduo seja considerado belo (foto: Stefan Servos).
A beleza poderia ser vista como uma característica sexual secundária, surgida evolutivamente como forma de indicar para o sexo oposto que um determinado indivíduo está apto para se reproduzir e gerar filhos geneticamente saudáveis. Na sociedade moderna, a beleza é um sinônimo de sucesso: em geral, as pessoas são muito mais atenciosas (e mesmo educadas) com indivíduos bonitos do que com os menos privilegiados nesse aspecto. Por isso, modelos atraentes são amplamente empregados na publicidade.

É claro que existe um caráter subjetivo nesse julgamento: alguém que parece bonito para mim pode não ter qualquer atrativo para você. Contudo, a ciência desenvolveu ferramentas para avaliar e definir a beleza. Uma forma bastante usada para se medir esse conceito consiste em se pedir a um indivíduo que classifique uma série de fotos de desconhecidos quanto a sua beleza.

Testes como esses indicam que rostos com aspecto mediano tendem a ser considerados mais atraentes do que aqueles que apresentam alguma característica muito distintiva (como um nariz ou lábios muito proeminentes, por exemplo). Da mesma forma, uma pele lisa, sem acne ou barba, também aumenta a chance de um individuo ser considerado belo.

Mas isso está longe de ser um critério amplamente aceito, como indica um estudo da equipe dirigida pelo psicólogo David Perrett, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia. Em um trabalho de 1994 na revista Nature , eles mostraram que características faciais exageradas em relação à média da população podem contribuir para que um indivíduo seja considerado belo. Um exemplo disso são os grossos lábios da atriz Angelina Jolie. 

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